Câncer de Próstata: Quando fazer o Teste Genético e como identificar Homens de Alto Risco

Câncer de Próstata: Quando fazer o Teste Genético e como identificar Homens de Alto Risco

Com os avanços na compreensão da base genética do câncer de próstata, surgem abordagens mais personalizadas para seu diagnóstico e tratamento. Já se sabe que pacientes com mutações nas vias de Resposta ao Dano no DNA têm um risco significativamente maior de desenvolver tumores agressivos em idades mais jovens (antes dos 50 anos) . Neste artigo, consideramos “homens de alto risco” aqueles saudáveis, mas portadores de mutações genéticas. 

As principais mutações no DNA envolvidas são:

  1. Via de Reparação de Erros (MMR – mismatch repair)

    • Prevalência: Entre 3% e 12% dos casos de câncer de próstata.
    • Risco Aumentado: Homens com mutações na via MMR têm um risco 3,67 vezes maior de desenvolver a doença.
    • Estudo IMPACT: Mutações nos genes MSH2 e MSH6 estão associadas a um risco maior de desenvolver câncer de próstata agressivo precocemente.
  2. Recombinação Homóloga e União Não-Homóloga

    • Função: Corrige danos graves no DNA.
    • Genes-chave: BRCA1, BRCA2 e ATM.
      • BRCA2: Risco 8,6 vezes maior, antes dos 65 anos.
      • BRCA1: Risco 3,4 vezes maior.
      • ATM: Associado a diagnósticos em idades mais jovens.
    • Sobrevida Menor: Homens com mutações nesses genes apresentam doenças mais agressivas e com maior risco de recorrência.

Estratégia de Rastreamento Baseada no Consenso da Filadélfia

  • Idade para Início:
    1. Aos 40 anos ou 10 anos antes do caso mais jovem diagnosticado na família.
  • Grupos de Risco para Câncer de Próstata:
    1. Risco Moderado: Mutações em BRCA1 sem histórico familiar.
      • PSA e Toque Retal: Anualmente.
      • Ressonância multiparamétrica da próstata: A cada 3 anos.
    2. Risco Alto: Mutações em BRCA2 sem histórico familiar.
      • PSA e Toque Retal: Anualmente.
      • Ressonância multiparamétrica da próstata: A cada 2 anos.
    3. Risco Muito Alto: Mutações em BRCA2 com histórico familiar.
      • PSA: A cada 6 meses.
      • Ressonância multiparamétrica da próstata: Anualmente.

A biópsia de próstata deve ser considerada quando:

  • Ressonância multiparamétrica da próstata: Áreas suspeitas na próstata ou nódulos (PIRADS ≥3).
  • Densidade de PSA: > 0,20 ng/ml/cm³.
  • Toque Retal: Apresenta sinais suspeitos.

Quando Devo Fazer o Teste Genético para Câncer de Próstata?
Os testes genéticos são recomendados para:

  • Homens com histórico familiar significativo (múltiplos parentes diagnosticados antes dos 60 anos).
  • Homens com formas agressivas da doença (Gleason > 7).
  • Homens com histórico de mutações nos genes BRCA1, BRCA2 ou ATM.
    A decisão deve ser tomada em consulta com um médico, considerando o histórico familiar, idade e estado de saúde geral.

Estudos relevantes sobre o tema e resumo dos achados:

  • Estudo EMBRACE:
    • BRCA1: Risco absoluto de 21% até os 75 anos e 29% até os 85 anos.
    • BRCA2: Risco absoluto de 27% até os 75 anos e 60% até os 85 anos.
  • Estudo PRACTICAL:
    • Mutações no gene ATM aumentam a incidência de câncer de próstata.
  • Estudo IMPACT:
    • Homens com mutações BRCA2 apresentaram maior detecção de neoplasias (5,2%) comparado ao grupo controle (2,7%).
    • Tumores mais Agressivos: 62,5% dos tumores em homens BRCA2 eram de alto risco.
  • Estudo PROGRESS:
    • Incluiu mutações em 20 genes de reparo do DNA.
    • Conclusão: Rastreamento com Ressonância multiparamétrica da próstata ASSOCIADA ao PSA mostrou-se superior ao PSA isolado.

 

Referências:

  1. Sánchez AR, Torralba EG, Baena EG, Cerrolaza JAM, Pallares JT, Povés MZ, Bayonas IB, Guillermo VM, Aparicio TF. Early diagnosis of prostate cancer in healthy men with germline mutations in DNA Damage Response (DDR) pathways: A literature review and proposal for a screening strategy. Actas Urol Esp (Engl Ed). 2025
  2. EK Bancroft, EC Page, E Castro, H Lilja, A Vickers, D Sjoberg, et al.Targeted prostate cancer screening in BRCA1 and BRCA2 mutation carriers: results from the initial screening round of the IMPACT study. Eur Urol, 66 (2014)
  3. T Nyberg, D Frost, D. Barrowdale, D.G Evans, E Bancroft, J Adlard, et al. Prostate cancer risks for male BRCA1 and BRCA2 mutation carriers: a prospective cohort study. Eur Urol, 77 (2020)
  4. AE Amini, A.E. Hunter, A. Almashad, A.J. Feng, N.D. Patel, M.R. O’Dea, et al. Magnetic resonance imaging-based prostate cancer screening in carriers of pathogenic germline mutations: interim results from the initial screening round of the prostate cancer genetic risk evaluation and screening study. Eur Urol Oncol, 7 (2024)
  5. Q Karlsson, MN Brook, T Dadaev, S Wakerell, EJ Saunders, K Muir, et al. Rare germline variants in ATM predispose to prostate cancer: a PRACTICAL consortium study. Eur Urol Oncol, 4 (2021)